O líder do PCP assumiu que a sua saída foi “uma decisão própria” e que se deveu à sua condição física
Jerónimo de Sousa vai deixar o lugar de secretário-geral do PCP e também o lugar de deputado à Assembleia da República. “Há uma alteração qualitativa das minhas capacidades e, tendo em conta a dimensão da nossa bancada, não se compadece com a ausência” de um elemento. Pela lista da candidatura por Lisboa, deverá ser Duarte Alves a reentrar no Parlamento.
O líder do PCP assumiu que a sua saída foi “uma decisão própria” e que se deveu à sua condição física.
“Olhando para trás, confesso que vivi na medida em que participei num processo longo, de 18 anos, como secretário-geral procurei sempre fazer o melhor que sabia (…) nos valores éticos da honestidade, franqueza, fraternidade, tive sempre a posição de pensar o que é melhor para o meu povo”, afirmou Jerónimo de Sousa na conferência de imprensa em que apresentou as conclusões da reunião do Comité Central de ontem.
“Saio desta responsabilidade de cabeça erguida. Conheci derrotas, vitórias, recuos”, vincou. “saio como entrei em termos económicos, independentemente de qualquer convenção que não será para mim.”
“Tendo em conta que fui eu que tomei a iniciativa, a consideração foi feita e posso dizer que o Paulo Raimundo pode ser desconhecido do grande público tendo em conta que constitui uma novidade. mas quero falar do meu exemplo: quando fui eleito, houve sectores que perguntavam se eu comia e dançava e nem sabiam o meu nome”, descreveu, contando que havia militantes que o chamavam de Germano.
“Como seguimento de uma avaliação própria, resultante de uma reflexão sobre as minhas condições de saúde e as exigentes correspondentes às responsabilidades que tenho vindo assumir como secretário-geral do PCP, coloquei a minha substituição nestas funções, mantendo-se como membro do comité central”, afirmou Jerónimo de Sousa.
Que deixou um elogio a Paulo Raimundo, cujo nome será ratificado pelo Comité Central no próximo sábado
Antes, ladeado por Inês Zuber e por Luís Silva, Jerónimo de Sousa fizera uma longa declaração sobre a reunião do Comité Central da tarde de sábado onde insistiu nas críticas ao Governo de António Costa tanto pelas opções políticas gerais como pelas soluções contidas na proposta do Orçamento do Estado para 2023. “Com o aumento do custo de vida a cresces há mais de um ano, o país assistiu à total inércia do Governo, surdo durante meses perante a necessidade de prevenir e programar atempadamente a tomada de medidas extraordinárias em defesa das condições de vida dos trabalhadores e do povo”, apontou o líder comunista.