Em outubro de 2018 ganhou o sétimo mandato consecutivo, após eleições marcadas pelas alegações de fraude, baixa participação e violência separatistas nas regiões anglófonas do país. Foi declarado o vencedor com 71,28% dos votos. Nos últimos anos tem reprimido a oposição, política e armada, o que lhe valeu raras críticas das Nações Unidas e do Ocidente

Qualquer discussão oficial sobre a sucessão de Biya é tabu e nenhuma das figuras mais visíveis em torno do presidente expressou qualquer desejo em dar o passo em frente. “Ministros caíram em desgraça só por pensarem numa saída teórica do presidente”, disse um especialista em Defesa e Segurança dos Camarões, Aimé Raoul Sumo Tayo. “Biya pôs a regra do “dividir para conquistar” em prática. As forças que o poderiam ter desafiado foram incapazes de se organizar e, ainda menos, unir-se”, disse Akoa

Ainda assim, surgem nomes. Entre eles o do filho do presidente, Franck Biya, que já tem um grupo de seguidores – os “Franckistas”. Também de fala do ministro das Finanças, Louis-Paul Motazé, ou do chefe de gabinete e braço direito de Biya, Ferdinand Ngoh Ngoh. Este último terá o apoio da influente mulher do presidente, Chantal Biya, sendo o líder de facto graças aos poderes executivos

Quando Paul Biya chegou ao poder nos Camarões, Ronald Reagan estava no seu segundo ano como presidente dos EUA, Madonna ainda não tinha chegado aos tops e a União Soviética estava a uma década de ruir. Biya, de 89 anos, vai festejar amanhã os seus 40 anos à frente dos destinos deste país que conquistou a independência da França em 1960. É um dos líderes há mais tempo no poder em África (só é batido por Teodoro Obiang que governa há 43 anos a Guiné-Equatorial), um feito conquistado com mão de ferro e o apoio de pessoas leais em posições chave.

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A Reunião Democrática do Povo de Camarões (RDPC), que Biya fundou em 1985, vai realizar uma “grande festa” em todo o país para assinalar o aniversário. Os festejos vão celebrar a “estabilidade política e paz – os maiores sucessos destas últimas quatro décadas”, disse à AFP um dos membros do comité central do partido, Hervé Emmanuel Nkom. O grande evento será um “megacomício regional” frente à câmara de Iaundé, a capital, mas ainda não se sabe se o próprio Biya estará ou não presente.

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A festa procura desviar a atenção da “questão crucial”, disse o professor e investigador de Ciência Política Stéphane Akoa. “Não é se os Camarões estão bem ou podiam estar melhor, mas como está o presidente”, indicou à AFP. Após a queda de Robert Mugabe, líder do Zimbabwe até 2017, tornou-se no mais velho presidente africano e o segundo há mais tempo no poder após Obiang. As suas aparições em público, cada vez mais raras, estão limitadas a discursos gravados, o que levanta especulações sobre a sua saúde

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Subscrever Após sete anos como primeiro-ministro, Biya entrou no palácio presidencial a 6 de novembro de 1982, tornando-se no segundo chefe de Estado após a independência. O facto de estar há 40 anos no poder é um tributo às suas habilidades de equilibrista num país que enfrenta problemas sociais, políticos e de segurança e luta contra a desigualdade económica.

Em outubro de 2018 ganhou o sétimo mandato consecutivo, após eleições marcadas pelas alegações de fraude, baixa participação e violência separatistas nas regiões anglófonas do país. Foi declarado o vencedor com 71,28% dos votos. Nos últimos anos tem reprimido a oposição, política e armada, o que lhe valeu raras críticas das Nações Unidas e do Ocidente

Qualquer discussão oficial sobre a sucessão de Biya é tabu e nenhuma das figuras mais visíveis em torno do presidente expressou qualquer desejo em dar o passo em frente. “Ministros caíram em desgraça só por pensarem numa saída teórica do presidente”, disse um especialista em Defesa e Segurança dos Camarões, Aimé Raoul Sumo Tayo. “Biya pôs a regra do “dividir para conquistar” em prática. As forças que o poderiam ter desafiado foram incapazes de se organizar e, ainda menos, unir-se”, disse Akoa

Ainda assim, surgem nomes. Entre eles o do filho do presidente, Franck Biya, que já tem um grupo de seguidores – os “Franckistas”. Também de fala do ministro das Finanças, Louis-Paul Motazé, ou do chefe de gabinete e braço direito de Biya, Ferdinand Ngoh Ngoh. Este último terá o apoio da influente mulher do presidente, Chantal Biya, sendo o líder de facto graças aos poderes executivos